"Um corpo sem alma é como um disco de vinil que não toca ..."

"O jornalista fere no peito o escritor. O escritor repele o jornalista, por esmagá-lo, por obrigá-lo a renascer quase sempre de um mesmo patamar. Feliz daquele que, nesse embate, consegue servir, e bem, aos seus dois senhores..."

Política. Música. Música. Vida. Rock. Cinema. Cultura.

terça-feira, 6 de junho de 2006

O Patrocinador

Esse modelito de coletivo data de 1975. De lá pra cá não mudou muita coisa...


João sai de casa apressado como de costume, sem carro, pois não tem dinheiro para a gasolina e andando mais depressa do que suas pernas podem agüentar. No caminho, todos os sinaleiros abertos impedindo sua passagem rápida pelas ruas, fato que não acontece quando está de carro. Paisagens diversas: um rapaz suspeito jogando truco num barbeiro que corta o cabelo de um cara sinistro. O espetinho na brasa, copos à mesa do botequim. Uma loja não muito bem definida: bonés, botinas, ração para gato, chaveiro, luvas, enfim. No posto, homens discutem futebol, atônitos. Farmácia lotada, crianças berrando, o centro da cidade para o qual ele se dirigia a fim de pegar o coletivo, certamente abarrotado.
João passa rapidamente nas lojas americanas para comprar um cd virgem e a fila está enorme. Encara-a e sai de lá com muito mais pressa. As batatas de sua perna ardem e ao pensar nisso lembra das batatas carameladas de sua mãe e que, há tempos não comia.
Segue para o ponto de ônibus quando vê de longe que o seu “busão”já está indo embora e, mesmo que corra incrivelmente não conseguirá pegá-lo. A única solução: sair voando literalmente por uns atalhos que conhece como ninguém, para tentar não perder o ônibus, já que está atrasadíssimo.
Não pensa em nada, apenas corre. Percebe então que o coletivo está ao seu lado e passa a apostar corrida com ele. O ônibus o passa, mas por sorte, o ponto está lotado e há tempo para conseguir pegar o coletivo. Chega bufando e suando como um jogador de futebol após uma partida, entretanto feliz, pois afinal, conseguirá subir ao busão. Já dentro do veículo abarrotado imagina que daquele jeito a empresa urbana poderia patrociná-lo numa prova de atletismo pois, de tanto correr atrás dos coletivos, já estava craque.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gabriel, moro em São Paulo. E você? Acho que sem que é a Maria Carolina que enviou o texto. O que acha de nos comunicarmos por e-mail? O meu é maiaragouveia@gmail.com
Beijos

Anônimo disse...

Ufá. Chegou ao fim o texto, já estava cansada de tanto correr com o Senhor pelas ruas da cidade, vendo um monte de coisas diferentes.
Sempre pela manhã caminho mais rápido que minhas pernas possam aguentar e o mundo passa tão depressa por mim, e o que eu enxergo é sempre o final de tudo.

Se lhe interessa, ou lhe causa alguma emoção... ganhará um link no meu blog!
Pati

H.R. disse...

hahahahahahahahaha

Anônimo disse...

Eu evito tudo que posso pegar ônibus. Primeiro porque é caro. Um falta de respeito o preço que cobram por um serviço tão ruim. Depois porque descobri alternativas muito melhores e prazeirozas.

Em geral caminho. Vou à pé a todos os lugares! Vou à pé a universidade que fica a uma hora de caminhada daqui. E depois volto de lá. Vou à pé ao supermercado, à biblioteca, ao teatro, ao show, a casa da amiga... O mais interessante é que em geral eu demoro menos indo a pé do que pegando ônibus (contando o tempo de espera no ponto até a chegada no local). E como não tenho tempo nem mta paciencia para ficar em academias caminhar é uma ótima sulução... (Londrina é uma cidade linda... cheias de arvores e areas verdes... merece ser andada).

Hoje raramente pego onibus. É gostoso demais chegar a um lugar sem precisar ter se expremido em meio a muitos. Chegar com a impressão boa de ter passado por lugares bonitos, de ter tido tempo pra pensar na vida...

... recomendo!

e boas corridas pra ti!! rs

beijos