"Um corpo sem alma é como um disco de vinil que não toca ..."

"O jornalista fere no peito o escritor. O escritor repele o jornalista, por esmagá-lo, por obrigá-lo a renascer quase sempre de um mesmo patamar. Feliz daquele que, nesse embate, consegue servir, e bem, aos seus dois senhores..."

Política. Música. Música. Vida. Rock. Cinema. Cultura.

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Sampa!


Olhar do interior do carro, o pára brisas para lá e para cá enxugando a chuva tensa, cortando a visão dos anéis viários dessa cidade que não cansa de ficar inquieta

As luzes todas não se apagam
Há sempre alguém ligado,
sempre algum televisor acordado

E aquela mancha de nuvens cinzentas no céu, escuras, formando um temporal que pegará de surpresa os cidadãos de papel

Ônibus circulam entupindo as veias dos viadutos, carregando proletários, transportando fumaças, tóchicos ...


Caos acinzentado. Árvores cheirando, se espremendo no cimento. Ilhas de calor!
Prédio, passarinho, prédio, gente gente gente prédio ponte viaduto calçada escada!

Umazinha no boteco com os amigos TODOS OS DIAS. Happy hour!

Guarda-chuva embutido. Pastas. Clipes e trocados no bolso. Almoço no carrinho de dogs. Fast foods!

Ventinho frio.
Praça rara.
Carros inquietos.
Semáfaros afoitos.
Pipa no arranha céu de araque.
Encontrões.
Camelô na gargalhada.
Furor na calçada.
Me dá um trocado?



Em nenhum outro lugar me sinto tão eu,
urbano, em casa porque alguma coisa acontece no meu coração que quando eu nasci por aqui eu nada entendi da dura poesia concreta de tuas esquinas

5 comentários:

Anônimo disse...

Gabriel, ao olhar para a tua Sampa, fico transeunte, aqui no mato com saudades de edifícios. Abraços poéticos.

Luma Rosa disse...

Meu coração anda também tão urbano!! Bora pra vida!! Beijus

Anônimo disse...

Você perguntou se eu conehcia o Rubem Fonceca e eu disse que não... hahaha eu já li A Grande Arte!!! Muito bom esse livro!!! Ele é um autor goiano né? Tem até um filme desse livro, mas o filme é bem ruim...

Eu havia comentado esse texto já... onde será que foi parar o meu comentário?

beijos

_Maga disse...

Adorei o texto!!!

Eu nunca fui pra Sampa, mas imagino ela exatamente assim... e parece que você conseguiu condensar muito dessa cidade nesse texto!!!

Pauliceia desvairada é, com certeza, a cidade mais cosmopolita do Brasil...

Beijos pra ti

disse...

Lindo esse texto! Me senti em São Paulo também. Acho que só quem nasceu - e viveu - lá é capaz de se comover com uma coisa dessas: trânsito, poluição, frieza (humana e climática).

Gosto muito.