"Um corpo sem alma é como um disco de vinil que não toca ..."

"O jornalista fere no peito o escritor. O escritor repele o jornalista, por esmagá-lo, por obrigá-lo a renascer quase sempre de um mesmo patamar. Feliz daquele que, nesse embate, consegue servir, e bem, aos seus dois senhores..."

Política. Música. Música. Vida. Rock. Cinema. Cultura.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Pá de servente de pedreiro nas mãos

Joãzinho nasceu com uma pá de servente de pedreiro nas mãos. Já aos 10 anos, teve as primeiras aulas com o pai e, aos 12, já fazia bicos pra fora. Trabalhando nas casas dos bacanas conheceu pessoas extremamente más e que o tratavam com mera indiferença, afinal tinha uma função social de baixo escalão. Certa ocasião, pediu um copo de água. Ainda tinha sede, então pediu outro. Ouviu: “tem que trabalhar mais e descansar menos, esse serviço não acaba nunca!”. Fingiu que não era com ele, continuou mexendo a massa de cimento.
Outro dia, porém, envolveu-se em projetos de peças teatrais. Levava jeito para a coisa. Disseram-no: um dia vc será global! Dava idéias, sugeria falas e detalhes no cenário. Mesmo assim continuava com os serviços de pedreiro, auxiliando seu pai. Tentou plantar o teatro em seu bairro e ouviu um não sonoro da secretaria de cultura. Como possuía um grupo coeso e, de certa forma grande, persistiu por um longo tempo na tentativa frustrada de levar arte, lazer e cultura para a sociedade.
Desencanou da segunda coisa que mais sabia fazer melhor: servente de pedreiro. Passou a atuar e dirigir e a conhecer grandes nomes teatrais. Não deu outra, morreu de fome.


Leia o artigo "Brasil, um país de todos?" esta semana aqui.

7 comentários:

Anônimo disse...

uhn, a situação é essa. quase sempre.

;~
Boa semana.
;*

Claudinha ੴ disse...

É uma pena que a culura seja assim tratada aqui. Bela crítica, gostei. Beijo.

Anônimo disse...

Hoje de manhã, estava pensando, poderia ganhar 300 mil reais, compraria um ap para minha família, um pra mim e um carinho de 25 mil, com os móveis, mais um investimento de 70 mil em uma loja, não me sobraria nada. Acho que precisaria de 400 mil, assim poderia ajudar meus avós e meus amigos tb.
Para conseguir essa grana trabalhando morreria de tanta desilusão. O caso era começar a traficar... mas não faz meu estilo.
Acho q num futuro não muito distante, teremos lixeiros graduados em direito.

Anônimo disse...

Mas não podemos nos deixar levar por essas coisas ... temos que sonhar sempre. Beijos.

Anônimo disse...

E isso realmente acontece... É sempre frustrante!
MERDA!

GABRIEL RUIZ disse...

Babi e Fernanda:
é só uma visão minha singular de que as coisas pequenas relacionadas a cultura não dão certo nunca no lugares...

Anônimo disse...

Nossa, que crítico! Delicioso saber que tem gente acordada, mas eu ainda tô dormindo!
bjx