"Um corpo sem alma é como um disco de vinil que não toca ..."

"O jornalista fere no peito o escritor. O escritor repele o jornalista, por esmagá-lo, por obrigá-lo a renascer quase sempre de um mesmo patamar. Feliz daquele que, nesse embate, consegue servir, e bem, aos seus dois senhores..."

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sábado, 10 de fevereiro de 2007

O bar das putas II


Escrito e inspirado em dois botecos da cidade de Bauru-SP.

Fui a um restaurante chic. Pedi uma Antártica, salsichas em conserva e um baseado da favela do Requinte. Só trouxeram-me as salsichas (com um molho vagabundo) e a cerveja. O “garçom” não soube me responder.

Sentamos a mesa que dava para a porta do bar-boteco. Algumas mesas cheias, outras com duas ou solitária. Papos diversos, desconfigurados, adversos, sujos. Figuras cretinas, noturnas; conseguiam ali (será?) parte de seu ganha pão, ou apenas procuravam alguma “função”. Tatuagens uni colores. Trabalhadores das 8 as 18, tomavam, “participavam”. Umas putas (presumo) feias. “Quem é que vai querer pagar para comê-las?”. Uma tv, clipes sertanojos. Som baixo, graças a Deus.

Dois degraus, não nos importamos - ainda que olhassem nos questionando de alguma maneira.“Por gentileza, uma cerveja e dois copos, vamos sentar ali”.
O lugar era (quem é que vai saber dizer?) “fuleiro”. Uma madame (que não fosse uma foxy lady) de saltos jamais ousaria. Duas da matina, a pé, quarta-feira, não teríamos muita opção numa cidade em potencial.

Pouco representava aquilo tudo. Era tipo um “foda-se”. Um cenário, um pano de fundo, uma desculpa esfarrapada para que pudéssemos tomar umas e dialogar excentricidades a sós. A noite varou num piscar de olhos. E, a OBS que cabe: não fomos “chutados”, como noutros lugares...
A diversão não teria sido ampla se não fosse submundo, vagabundo, mundo mundo, vasto mundo...

15 comentários:

Anônimo disse...

hahahha, mto bom, identifiquei todos os personagens...rsrs
e o outro, por acaso é o vagnão ou o Japa? rsrs
Eu, apesar de ter minhas preferências, me adapto em qualquer lugar, desde q não me confundam com puta..rsrs.. e desde que a companhia seja boa... a mesa, os amigos, a conversa fiada, a cerveja, isso é que vale... o resto é cenário!
bjo :-)

m. disse...

haha adorei! q saudades dos bares de bauru...

e eu adoro esse filme da foto, acho genial!

bjos com saudades
;****

GABRIEL RUIZ disse...

gabriel pergunta: qual é o filme da foto? Alguém manja?

@Cajuf_verde disse...

Sobre café e cigarros?

Enfim.. adoro botecos... todos, na verdade até calçadas eu gosto, postos de gasolinas, supermercados, com tanto que esteja com bons amigos.... texto legal gabriel.. :)

Debora Veloso disse...

A dieta consiste na troca de um big x-salada por um delicioso temaki na volta da balada.

Bacana o seu blog. Pra mim todo ponto de vista avesso ao “comum” é interessante.
Valeu a visita!

Anônimo disse...

sempre anti-convencional... gostei!
vc pode me visitar agora neste outro canto, vale a pena:
www.soltando-verbo.blogspot.com

bjx

Samantha Abreu disse...

Oláááa´!
muito sutil e descontraído...
(gosto tanto assim...)

Parabéns!

Vanessa Silva disse...

É... como eu diria...
Só há felicidade na ignorância... sábia a sabedoria popular...
E acrescento... só há liberdade na simplicidade!
A diferença entre o bar das putas, e dos bares da Getúlio, qual é?!?!?!
No das putas, vc pode falar alto, rir a vontade, beber quantas quiser e sair tropeçando que ninguém está aí... ninguém se importa...
E na Getúlio?! Vc não se porta...

Um brinde à simplicidade!
Um brinde ao bar das putas (que apesar de hostil é acolhedor (como disse a Silvão o que importa é a companhia))
Um brinde ao Vagnão e toda a trupe de bêbados do submundo, que tocam instrumentos arcaicos e cantam canções esquecidas!!!!!!!!!!!

Vanessa Silva disse...

OBS... cadê o Bar das Putas I?!?!?!

Anônimo disse...

"Cidade em potencial"? rs

Sabe é engraçado constatar isso, mas parece que "botecos" e "submundos" costumam ser mais inspiradores, um pano de fundo mais abundante, do que o "chic".

Talvez porque nesses lugares as pessoas não precisem ir todas iguais para serem aceitas (sim! iguais... mesma chapinha, mesmo tom de loiro, mesmo corte de blusa, e tudo carezimo e exclusivissimo!)

beijos

Daniel Nérso disse...

É por isso q acho q somos crianças.. nos maravilhamos e nos divertimos tão facilmente com nós mesmos.
Basta uma calçada do Japa Lalá ou qualquer outro boteco de esquina que eu passo a noite feliz e satisfeito :)

GABRIEL RUIZ disse...

Sobre o comentário da Vanessa:

Eu adorei seu comentário. Muito rico.





"A diferença entre o bar das putas, e dos bares da Getúlio, qual é?!?!?!
No das putas, vc pode falar alto, rir a vontade, beber quantas quiser e sair tropeçando que ninguém está aí... ninguém se importa...
E na Getúlio?! Vc não se porta..."



Nesse caso, temos que encenar né. Faz parte desta sociedade! Mas né, qndo podemos, a gente passa por cima disso tudo.

Um brinde à simplicidade!
Um brinde ao bar das putas (que apesar de hostil é acolhedor (como disse a Silvão o que importa é a companhia))
Um brinde ao Vagnão e toda a trupe de bêbados do submundo, que tocam instrumentos arcaicos e cantam canções esquecidas!!!!!!!!!!!



Yeah! Um brinde. Vou lembrar disso quando estivermos em alguma mesa de bar.

Anônimo disse...

não chamo de submundo esses cenários do tipo q vc descreveu...são um universo diferente do meu apenas...não há razão pra ser "sub"...
claro q eu já cansei de falar q curto mesmo é um ambiente com boa música, bebida de primeira e, sobretudo, amigos ao meu redor...mas uma mesa na calçada, uma musica brega de fundo e uns bebados encostados no balcão são, apenas, cenário...os protagonistas da cena sempre serão, sem duvida, meus amigos e aquela conversa q geralmente só acontece em meio a cerveja gelada e petiscos baratos...
e, acredite: se a companhia for realmente boa, eu volto no Vagnão (desde q não seja 3 da manhã de uma quinta-feira)..hahahahah...
bjos

Gina Mardones disse...

Pq repugnar o submundo? No fundo, no fundo todos temos um dentro de nós. Confesso que em boa companhia, sinto-me a vontade num lugar desses, já tive várias experiências assim e gosto de repeti-las com frequencia.
Há tempos não cometava no seu blog, mas sempre passo para lê-lo.
Grande beijo!

Anônimo disse...

achei bom os comentários... tirei de tudo isso .. será q que me aprovaria, estar em um bar destes
apenas para inflar meu ego soberbo.. se eu tivesse um?... quando eu era pequeno minha mão dizia "filho olhe por onde anda, um lugar diz o que vc é" bons tempos.
certamente eu estaria num lugar melhor.. Mas se eu quisesse saber tanto da composição gastromica, teria perguntado ao profissional responsável, afinal garçom é pra servir.. ou ao dono do bar, aaaaaa. eu ñ perderia esta oportunidade.. mas em fim.. foi só para lembrar.. rsss