"Um corpo sem alma é como um disco de vinil que não toca ..."

"O jornalista fere no peito o escritor. O escritor repele o jornalista, por esmagá-lo, por obrigá-lo a renascer quase sempre de um mesmo patamar. Feliz daquele que, nesse embate, consegue servir, e bem, aos seus dois senhores..."

Política. Música. Música. Vida. Rock. Cinema. Cultura.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Vai um vinil aí, companheiro?

Aquele foi um ano mágico, alguma coisa de notável, sem querer ser saudosista, aconteceu ali...” – Marcelo Bulhões.



A música dos anos revolucionários é imortal, amplamente maior do que qualquer outra época. Eles conseguiram mudar o mundo?

Cá estamos nos anos proféticos in vitro de Orwell e das catástrofes e aquecimentos globais. Numa última festa de república, onde a média etária dos presentes não ultrapassa os 22 anos, adivinha qual era o som mais aguardado da noite? Exato, uma banda cover deles. Confuso, mal ensaiado e um vocal (feminino!?) que não havia decorado as letras todas. Nem importava, todos sabiam cantar e era só mexer os pés e balançar o corpo. Como disse Marcelo Dantas, em artigo publicado na primeira edição da revista Piauí, “sejamos objetivos: os anos 60 terminaram faz tempo. Permanece então a pergunta: como pode alguém se apaixonar por cabeludos de Liverpool em meio ao cinismo e à desesperança do século XXI? Como pode um jovem saudável contrair a febre da beatlemania em plena era do hip-hop e cultura digital?”

Eu não sei, mas impressiona a infecção. Os ingleses são tão influentes que é “cool” dizer que vc gosta deles. Foram quatro álbuns produzidos em menos de quatro anos. E são nada menos que (vc certamente já ouviu músicas destes discos) o Abbey Road (69), o Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band (67), o White Album (68) e o Yellow Submarine (68). Conhece algum?

2007. Um deles completou 40 anos de vida exatamente no dia 1 de Junho: o clássico e dizem, o mais influente disco da música pop lançado no século XX: “Sgt. Pepper´s”. Trata-se de uma produção altamente criativa e inovadora lançada no ano seguinte à declaração dos Fab Four de que não fariam mais apresentações ao vivo (será por isso?). Provavelmente ele é mais velho que você, menos rock que o Abbey Road e, como disse o Frejat do Barão Vermelho: “está fazendo quarentinha, mas com a maior categoria, com carinha de 18”.

O álbum abraçou nada menos que 4 Grammy: "melhor álbum do ano", "melhor capa de álbum", "melhor álbum de música contemporânea" (atualmente conhecido como "melhor álbum vocal Pop") e "melhor engenheiro de som" (Geoff Emerick). Porém, perdeu três indicações: "melhor desempenho" (para Anita Kerr), "melhor desempenho de grupo ou dupla" (para The Mamas & The Pappas) e melhor arranjo intrumental (perdendo por "A day in the life" para "Strangers in the Night").

Falando em Beatles e não apenas no Sgt. Pepper´s, Marcelo Dantas justifica o entusiasmo, “cantavam imensamente bem, com fabuloso esmero. Sabiam usar a voz com precisão, potência, caráter. Quem pode resistir ao suingue vigoroso de Lennon em Twist and Should ou ao charme nostálgico de McCartney em When I´m Sixty Four?”. E mais. Como alcançar as sensíveis e profundas canções de George, como Something; ou a garganta raivosa e rouca de Paul em Oh! Darling!.

O Juca, colega que cursa RP contou: “um dia eu disse aqui em casa, quero conhecer Beatles. E fizemos da melhor maneira que poderia me ocorrer. Sentamos e ouvimos disco-pós-disco do começo ao fim da carreira, até o Let it Be (1970). Deu para ver a evolução e depois daquela session era impossível ficar indiferente”.

“A mente e o coração viajam, abrem as portas da criatividade e do nonsense, tudo é possível, desde que seja feito com amor – está dado o recado” – escreveu o presidente do Revolution, único fã-clube reconhecido pelos Beatles na Am. Latina.

Como disse outro dia num post, “há várias coisas que não conseguimos dialogar; é preciso escutar. Há mais vida por lá”. O resto é com vc. Se quiserem, em casa tem uma vitrola...

6 comentários:

Rodrigo van Kampen disse...

Comentário Off-Topic.

Se você não tirar o player do last.fm dali, ou ao menos dar um jeito pra ele não tocar automaticamente quando eu entro aqui, não vai mais dar pra ler... Eu navego ouvindo meus próprios mp3s, e de repente começa a tocar outra coisa tudo misturada... Sem falar que aquela coisa vem sugar minha conexão sem eu pedir.

Falou o chato

Luma Rosa disse...

Gabriel!! Que beleza de texto!! Parece que a Yoko e os Ex-Beatles vão se reunir para homenagear o John Lennon.
Aprendi a gostar dos Beatles depois de educada musicalmente, passamos a curtir só coisa boa!! E tenho os bolachões aqui, coleção completa, mas sem a vitrola!! (rs*) Faço e refazo os cds que estragam muito rapidamente.

Não entendeu a anemia? É só por ter embranquecido. Foi uma brincadeira.

Bom dia!! Beijus,
Luma

Luma Rosa disse...

Gabriel, procurei pelo seu last.fm. Cadê?? quero te adicionar. Beijus

GABRIEL RUIZ disse...

Obrigado pela dica. Valiosíssima!

Anônimo disse...

meu querido irmão,
eu li o seu texto e fiquei com muita vontade de ouvir Beatles.
um abraço muito carinhoso, sempre com o pedido de que apareça um dia para um lanche.

Unknown disse...

COMO A day in the life perdeu um prêmio de melhor arranjo???? COMO???
COMO?????????????????????????

Sargent Peppers é foda. Sabia que Jimi abriu seu show tocando a música - título desse álbum, 1 dia depois de ele ser lançado??

Tipo. Deve ter sido foda ver aquilo.

Besitos garoto!!